quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

O amor não oferece caução (palavrinhas pueris de consolação)



"Mas se a ciência provar o contrário, 
e se o calendário nos contrariar
Mas se o destino insistir em nos separar
Danem-se os astros, os autos, os signos, os dogmas
Os búzios, as bulas, anúncios, tratados, ciganas, projetos
Profetas, sinopses, espelhos, conselhos
Se dane o evangelho e todos os orixás
Serás o meu amor, serás, amor, a minha paz"
Dueto - Chico Buarque



Você pode querer segurar o passo, ou acelerar, puxar pelos cabelos, pernas e braços. Mas as coisas do amor começam e terminam exatamente no seu tempo. Nem mais, nem menos. De nada adianta correr, se esconder nem procurar. Será bem ali, naquele milésimo de segundo, em plena dança ou na rua em solidão. Só quando for a hora, vai acontecer. Você vai querer garantias, locais e datas. A cartomante vai dizer! Vai fazer mandingas, ajoelhar, fazer rezas e juramentos. Os búzios hão de saber! Buscará nos mapas, em terras longínquas, no infinito astral. As estrelas vão prever! Vai pagar a analista, mergulhar na psique, revelar traumas, buscar na infância a chave para todo mistério. E virão tuas somas e metas, algoritmos e estratégias, virão teus planos. A razão vai definir! E o tempo vai rir de ti. Porque só ali, sem atraso nem adiantamento, é que, finalmente, te será permito saber e sentir.


Dueto - Chico Buarque e Paula Toller