quarta-feira, 25 de junho de 2014

O dia mais lindo


Fitava seus pés. E abaixo deles, o abismo.

O penhasco era profundo, desses de não se ver onde vai dar, de encostas rochosas cobertas de relva, de um claro caminho que seduz e convida a entrar.


Fitava seus pés e o abismo.
O vento era doce, desses de brincar com os cabelos e os pelos, de bagunçar o vestido, de levar embora pesadelos e medos, de trazer com ele o frescor da manhã. 


Fitava seus pés e o abismo. 
O cheiro era suave, desses de um aspirar intenso e com um largo sorriso, de lembrar das coisas boas da infância, da casa da avó, das frutas no pé, do inocente amor que nasce entre primos.


Fitava seus pés e o abismo. 
O céu era impassível, desses que convidam a voar, planar, girar e bailar, de atravessar mares e oceanos, escalar montanhas, que levam longe, pra qualquer lugar que se queira chegar.


Fitava seus pés e o abismo. 
O sol era afável, desses que cobrem o corpo com ternura e carinho, que aquecem a alma, oferecem um cochilo na grama e no colo do amigo, que confortam as pálpebras já no primeiro raio da manhã.


Fitava seus pés e o abismo.
O dia era o mais lindo, desses que não se quer acabar, de ficar nas pontas dos pés, flutuar, abrir os braços, olhar o abismo e saltar.


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