sexta-feira, 11 de julho de 2014

Bem a tempo ( para depois de ouvir Nina Simone )



Ela chegou bem a tempo. 
Entre dezenove e vinte horas.
Bem a tempo de pular da plataforma
para dentro do vagão, 
do último trem da noite,
no momento exato da partida.

A tempo de se esconder da tempestade
de raios, tornados e trovão.
De saltar no instante da colisão.
De abrir o paraquedas
em meio à pane do motor.
De vestir o colete salva-vidas
em pleno choque da embarcação.
Apertar o botão de alarme
antes da queda do elevador.
Acionar o extintor de incêndio
no alto da construção.
Antes de findar o oxigênio
do cilindro do mergulhador.
A tempo de usar o desfibrilador
no músculo em lentidão.
De injetar adrenalina 
na iminente morte anafilática.

E, de tudo e no final,
já na alteração da consciência,
agora imóvel e estática,
de respiração rápida e artificial,
de tremores no corpo,
e de pele pálida e úmida e fria,
chegou bem a tempo
de estancar a hemorragia.

Nina Simone - Just in time



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