Seus nomes se confundiam nas vidas de quem chegava. Brincos
e roupas se misturavam por entre gavetas, festas, dias e noites. Assim como os sonhos,
ódios, lágrimas e amores. O mundo era mágico e não cabia no planeta. Procuravam
um grande disco voador. Decoravam o nome de cada estrela, para quem sabe um dia
navegar. Abraçavam árvores, trocavam energias e cristais. Dividiram os primeiros cigarros e
porres escondidos e as primeiras grandes quedas. Nessas horas, o vinil tocava
“menina do anel de lua e estrela” e se uniam então seus pés, cabelos e
braços, gargalhadas, risos e abraços. Foram tantos tropeços, danças e saltos.
Mil anos se passavam naqueles poucos. Naquela cidade de frio e neblina, as
meninas irradiavam o calor das almas gêmeas. A vida era para sempre. Seu amor
também. Os cabelos coloridos, as bolsas atravessadas e as calças boca-sino
guiavam seus passos. Passos errados, engraçados e corrigidos, compassados. E
sempre companheiros. Quando o tempo de cada uma chegou, era noite e já era
tarde. Hora de voltar para casa. A mãe chamou, a brincadeira acabou. Perderam-se
em estradas distantes e também daquele amor. Aquele mesmo, que durou para
sempre naqueles poucos anos. E hoje à tarde, mil anos depois, era aquele mesmo
som do vinil a ecoar na minha cabeça de menina...
Cheguei a sentir o gélido vento frio das madrugadas em Petropolis....
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